O Ministério Público do Trabalho da 8ª Região (PA) não conseguiu reverter decisão do Tribunal Regional do Trabalho do Estado do Pará, que reduziu, de R$ 760 mil para R$ 76 mil, o valor de uma indenização por dano moral coletivo dirigida a um fazendeiro, acusado de submeter trabalhadores a condições análogas às de escravo. A Quarta Turma do Tribunal Superior do Trabalho não conheceu do recurso de revista interposto pelo MPT, mantendo-se, na prática, o acórdão do TRT. Com base em denúncias de que trabalhadores estariam submetidos à condição análoga à de escravos em uma fazenda do interior do estado do Pará, o Ministério Público do Trabalho da 8ª Região (PA) propôs ação civil pública contra o pecuarista, dono desse imóvel rural. Segundo o MPT, os trabalhadores viviam em condições precárias: moravam em barracos sem proteção e sem privacidade; não possuíam nenhuma condição sanitária, sem água potável; e dormiam amontoados em redes pelo reduzido espaço nos barracos. Conforme a petição inicial, os trabalhadores ficavam reféns do fazendeiro por terem contraído dívidas para a compra de alimentos no barracão da fazenda. Ciente dessa situação, o MPT requereu na Justiça do Trabalho que o pecuarista deixasse de submeter os empregados a trabalho forçado ou degradante, bem como pagasse uma indenização no valor de R$ 760 mil por danos morais coletivos como reparação aos danos causados aos direitos difusos e coletivos dos trabalhadores. Ao analisar o pedido do MPT, o juízo de primeiro grau deferiu todas as obrigações requeridas pelo Ministério Público, bem como determinou a indisponibilidade da propriedade rural do fazendeiro, impedindo-o de realizar qualquer transação imobiliária, como garantia ao cumprimento da decisão. Inconformado, o fazendeiro recorreu ao Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região (PA). O pecuarista questionou todas as afirmações do MPT e o valor excessivo da condenação. Para ele, os depoimentos colhidos e as provas dos autos não comprovaram nenhuma ilegalidade. O TRT, por usa vez, concluiu ter havido trabalho escravo, porém na modalidade de trabalho degradante. Com isso, o regional excluiu da condenação algumas obrigações impostas pela sentença, tais como deixar de coagir trabalhadores a utilizarem serviços mantidos pela fazenda e abster-se de aliciar empregados, por meio de terceiros. Em razão disso, o TRT não afastou a condenação por danos morais coletivos, mas a reduziu de R$ 760 mil para R$ 76 mil. Contra essa decisão, o Ministério Público do Trabalho da 8ª Região (PA) interpôs recurso de revista ao TST, buscando o restabelecimento completo da sentença. O MPT alegou divergência jurisprudencial no aspecto quanto à caracterização de trabalho em condições análogas às de escravo. Entretanto, o relator do recurso de revista na Quarta Turma do TST, ministro Barros Levenhagen, entendeu que os arestos trazidos pelo MPT não confrontavam o acórdão do TRT - que havia reconhecido a existência de trabalho escravo, na modalidade de trabalho degradante -, mas sim concordavam com a decisão regional. Assim, a Oitava Turma, ao seguir o voto do relator, decidiu, por unanimidade, não conhecer do recurso de revista do Ministério Público do Trabalho da 8ª Região (PA), ficando mantida, na prática, decisão do Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região (PA), que reduziu, de R$ 760 mil para R$ 76 mil, o valor da indenização por dano moral coletivo dirigida ao fazendeiro. (RR-61100-07.2004.5.08.0118) |
quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011
03/02/2011 Fazendeiro do Pará é condenado por manter trabalhadores na condição de escravos
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Não dá para entender o por quê desta redução tão significativa que o TRT do Pará proferiu em sua decisão. Ou dá?
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ResponderExcluirSim, é possível entender. Morei em Belém 08 anos,quando advoguei para a Vale do Rio Doce.
ResponderExcluirNo Pará, especificamente, no sul do Pará, ninguém entre ou sai sem autorização dos fazendeiros. Há famílias inteiras trabalhando nessas fazenas em troca de comida (da criança ao adulto).
Lá é território deles, já morreram muitos promotores do MPT, vários Delegados e, até mesmo Missionários estrangeiros - Doroty Stang, (última), todos sabiam quem foi o mandante (fazendeiro), mas um pobre coitado assumiu a culpa e foi INOCENTADO em 2a. Instância.
O TRT do Pará tem PAVOR de condenar um latifundiário da região, pois a morte do julgador ou familiares é certa.
Por outro lado, infelizmente, há corrupção (todos sabem), pois qualquer fazendeiro daqueles ganha 100 vezes mais do que qualquer Desembargador.
Os latifundiários são os grandes exportadores do que há de melhor na amazônia, desde a madeira (em território proibido)até o mineiro de ferro.
No entando, o que mais amendronta é realmente o terror pisicológico imposto ao Judiciário.E acreditem: não fica somente no blefe, uma vez ameaçada a autoridade PRECISA ser morta para manter a "credibilidade" do fazendeiro. Pergunto a vocês: se o óbito de um filho (a) fosse anunciado antes da decisão, o que fariam? Medida Protetiva? Lá? Não, não iria funcionar.
A propósito, não esqueçam do lobby da Bancada Ruralista no Congresso, todo mundo denuncia, mas os congressistas conseguem calar a mídia.
Desde a morte do Chico Mendes (ACRE)as pessoas perderam a esperança e, os fazendeiros tiveram certeza da impunidade.
Particularmente, acho que somente a divulgação, sem tréguas, das mortes e nomes dos mandantes ( eles fazem até questão de ser identificados - o mais perverso é intocável) é que levariam o Governo Federal e Congresso a tomar uma decisão séria.
O que acontece no sul da Pará, parte do nordeste e, em enorme escala no Centro Oeste é resultado da falta de vontade política.
Afinal, até mesmo fora da bancada ruralista os maiores latifundiários brasileiros são nossos congressistas. Parem e pensem: aqqui na capital do RJ (Metrópole), quem não sabe que o Sarney e o Jader Barbalho são grandes propietários de terras? E mais, o J. barbalho é latifundiário justamente no sul do Pará!!! Área de perigo, morte e conflito.
O que tentei expressar é que até nós sabemos, isso já faz parte da cultura brasileira! E, quando aparece uma denúncia tímida na TV ficamos impressionados, como pode!?! Aposto na denúncia maciça, na divulgação dos crimes e nomes dos assassinos dia e noite, sem tréguas, aí sim, conseguiremos "acordar"o país para a barbárie perpetrada por gerações e insiste em cobrir nosso solo fértil de sangue.
É isso!
Em tempo: a palavra psicológico foi digitada errada, na publicação consta "pisicológico". Favor desconsiderar. Grata!
ResponderExcluirToda relação de poder implica necessariamente na ocupação de espaços! Quando o Estado não ocupa esse espaço, naturalmente se forma um poder paralelo! Seja nesta espécie de máfia rural, seja em um território urbano ocupado por traficantes ou pelas milícias! Quando autoridades publicas são ameaçadas por cumprirem as suas obrigações, isso não eh a causa da impunidade, mas as consequências de um Estado fraco, onde não existe a coisa publica, mas, tão somente a submissão de interesses! Se não houver reação, há a derrocada! Eh fácil ser juiz e promotor escondido atras da mesa e só diante de papeis! Difícil eh enfrentar a vida como ela eh! Essa reação tem que partir dessas autoridades ameaçadas, sob pena de tolerância com esse estado de coisas, o que significa para a sociedade cumplicidade! Se você não assume o seu dever, o mais honesto eh pedir para sair (conheço vários casos)! O que eh inadimissivel eh uma autoridade se calar, se acovardando diante uma ameaça e expondo as vísceras da falência do Estado! Esta história do começo ao fim eh lamentável!
ResponderExcluirO que acontece no sul da Pará, parte do nordeste e, em enorme escala no Centro Oeste é resultado da falta de vontade política.
ResponderExcluirAfinal, até mesmo fora da bancada ruralista os maiores latifundiários brasileiros são nossos congressistas. Parem e pensem: na capital do RJ (Metrópole), quem não sabe que o Sarney e o Jader Barbalho são grandes propietários de terras? E mais, o J. barbalho é latifundiário justamente no sul do Pará!!! Área de perigo, morte e conflito.
O que tentei expressar é que até nós sabemos, isso já faz parte da cultura brasileira! E, quando aparece uma denúncia tímida na TV ficamos impressionados, como pode!?! Aposto na denúncia maciça, na divulgação dos crimes e nomes dos assassinos dia e noite, sem tréguas, aí sim, conseguiremos "acordar"o país para a barbárie perpetrada por gerações, que insistem em cobrir nosso bom e aclamado solo fértil nacional, de sangue brasileiro.
É isso!
Em tempo: Acima há uma retificação a fazer. Leia-se proprietários ao invés de "propietários". Kátia Calado.
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